Faltam profissionais de TI no Brasil? Entenda o porquê + dicas para contratação
Afinal, faltam profissionais de TI no Brasil?
Bom, vamos às estatísticas:
Você sabia que, enquanto o desemprego bateu recorde em setembro de 2020, atingindo mais de 14 milhões de brasileiros, estão sobrando vagas para profissionais de TI (Tecnologia da Informação)?
O Brasil forma 46 mil pessoas nesta área por ano, mas seriam necessárias 70 mil para atender ao mercado existente. Ou seja, há um deficit de 24 mil formandos de TI por ano.
É o que diz o relatório da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom).
A previsão é de que, de 2018 até 2024, sejam criadas mais de 420 mil vagas na área, mas nem 50% delas serão preenchidas.
Essa escassez de mão de obra faz com que os profissionais disponíveis sejam muito disputados e, com isso, os salários e as condições de emprego sejam bem atrativas.
A seguir, entenda por que faltam profissionais de TI no Brasil e confira dicas para os processos de recrutamento.
10 dificuldades encontradas no mercado para contratação em TI
A tecnologia está sempre em alta velocidade de evolução.
Com isso, o funcionamento das próprias empresas, assim como os seus objetivos e necessidades, também têm de mudar, sob risco de ficar para trás e perder dinheiro diante da concorrência acirrada.
Por isso, encontrar o profissional certo nesse mercado, capaz de atender às novas demandas, é uma tarefa bem complicada.
Mas não é só isso. A revista especializada em TI, Cio, listou as 10 das principais dificuldades enfrentadas no mercado para a contratação de profissionais nesta área:
- Lacunas de competências, dificuldade de contratação de trabalhadores especializados com habilidades e conhecimentos multidimensionais;
- Inconsistência nos nomes dos cargos;
- Gurus da tecnologia que não desejam ser promovidos a cargos de gerência;
- Remuneração do mercado se move em taxas diferentes para trabalhadores no mesmo nível ;
- Planos de carreira instáveis e planos de incentivos que não são mais eficazes;
- Avaliações de trabalho mal feitas ou feedbacks nem sequer feitos;
- O benchmarking de remuneração é baseado no mercado e no patrimônio líquido interno;
- Problemas de compressão de salários;
- Falta de gerenciando para um grande crescimento, de forma a encontrar os melhores modelos organizacionais, estratégias de otimização de pessoal e práticas de capital humano para chegar lá;
- Convencer a alta administração de negócios a investir em mudanças substanciais nas estruturas de remuneração e orçamentos da força de trabalho de TI para executar de forma previsível as iniciativas de negócios estratégicos.
Mas também não para por aí o desafio da área de TI.
Outro grande problema é o êxodo dos profissionais qualificados para fora do Brasil.
Veremos mais sobre isso abaixo.
O êxodo de profissionais qualificados
O que é que os países norte-americanos e europeus tem que nós, no Brasil, não temos?
Segurança, qualidade de vida, estabilidade profissional e financeira, oportunidades de aprendizado e de crescimento profissional.
Dificilmente alguém resiste a vantagens como essas, certo?
Um estudo de 2019 do Boston Consulting Group (BCG) e da The Network diz, ainda, que mais de 70% dos profissionais de tecnologia brasileiros aceitariam trabalhar em outro país em busca de melhorias na carreira.
Outro dado interessante é que, entre todos os 26 mil entrevistados de 180 diferentes países, os EUA são o principal destino mundial.
Veja a lista dos países mais desejados:
- Estados Unidos
- Alemanha
- Canadá
- Austrália
- Reino Unido
- Espanha
- França
- Suíça
- Itália
- Japão
O que mais interfere na hora de escolher o destino, segundo os profissionais, são as amplas oportunidades de emprego, o desempenho da economia, a remuneração e os benefícios.
Eles também disseram que é importante o equilíbrio entre o trabalho, aprendizado e vida pessoal.
Além dessas preferências, eles buscam oportunidades de desenvolvimento da carreira e bom relacionamento com os colegas.
É neste último ponto que as empresas brasileiras de TI podem investir.
Como é impossível mudar a economia nacional e é difícil interferir nas condições de vida no nosso país, elas podem investir na melhoria dos processos internos e nas condições oferecidas aos seus colaboradores.
Tudo isso começa pelo recrutamento.
6 dicas para empresas reavaliarem seus processos de contração
As consultorias responsáveis por esse estudo internacional de 2019 dão algumas dicas para as empresas brasileiras não ficarem tão atrás na disputa pelos profissionais de TI.
Juntamos a elas mais algumas recomendações de outras especialistas para que a área de recursos humanos não precise estar sempre “correndo atrás da máquina” na contratação.
1. Capacite os colaboradores atuais
Quem disse que sua empresa precisa sair contratando novos profissionais ou renovando toda área de TI a cada um ou dois anos?
Antes de mais nada, olhe para o quadro de colaboradores existente. Conheça o perfil de cada um. Saiba quais são os seus interesses e para onde podem crescer.
E, claro, invista na capacitação.
Uma das características “naturais” dos profissionais de TI é ser “nerd”, ou seja, estar sempre estudando, pesquisando e aprendendo coisas novas e de forma ágil. Aproveite isso.
Incentive. E forneça as condições também, inclusive financeiras.
2. Identifique as lacunas e os excedentes da sua equipe
Antes de partir para o recrutamento, analise o seu quadro de profissionais, identificando quem está faltando e quem está sobrando.
Pode ser necessário segmentar o quadro atual, por função de trabalho. Reorganizar a equipe pode trazer gratas surpresas.
A seguir, crie um plano estratégico de força de trabalho para prever as necessidades de funções de trabalho específicas.
3. Analise quais perfis você necessita, não apenas cargos
Sim, provavelmente você terá de contratar novos profissionais. Comece pesquisando novos tipos de trabalho relevantes que podem exigir experiência digital.
Faça estudos para encontrar as capacidades e habilidades que serão fundamentais para a execução das estratégias de negócios atuais e futuras da sua empresa. Foque mais nos perfis que você precisará do que apenas no cargo.
Afinal, assim como a tecnologia muda, o mesmo acontece com as habilidades necessárias para realizar um trabalho na área.
Avaliar e reavaliar constantemente onde você está e que conhecimentos de TI são necessários para chegar onde você quer.
O uso de freelancers e contratos sem vínculo empregatício, que podem ser temporários ou conforme a necessidade, é uma opção que oferece flexibilidade nas funções que requerem habilidades digitais especializadas e que podem ser passageiras.
4. Busque ajuda, mas não torne permanente
Uma dica, principalmente quando há contratações urgentes e você tiver pouco tempo disponível, é contratar consultorias que ajudem a identificar e preencher as lacunas do negócio sem paralisá-lo.
Mas atenção. Mickey Mantle, CEO da Wonderful Inc., alerta que consultores não devem ser utilizados como solução de longo prazo a não ser que eles façam parte do quadro.
“Enquanto usa um consultor para manter o projeto em andamento, um bom administrador irá tentar preencher essa vaga com um novo talento ou treinando o pessoal que ele já tem”, afirma ele.
5. Repense suas descrições de vagas ofertadas
No momento do recrutamento, é necessário formular bem as vagas e suas respectivas descrições.
Algumas empresas tendem a criar longas listas de habilidades necessárias e gastam muito tempo procurando o profissional perfeito.
Pergunte-se: qual é o seu principal objetivo com essas vagas?
Como você quer que sejam as pessoas que vão preenchê-las?
Quais habilidades você já tem no seu time e quais você busca?
Então, reformule o seu processo seletivo e foque no que realmente você quer e precisa. Além de mais realista e de satisfazer a sua necessidade, você também vai facilitar para o profissional que está buscando uma nova oportunidade.
As chances de ganha-ganha aumentam muito.
6. Promova meios de reter talentos
Se encontrar os profissionais certos na área de TI já é complicado, retê-los na sua empresa é ainda mais difícil.
Para manter os talentos, o ideal é ter um plano de carreira. Mas não daqueles teóricos e difíceis de entender.
É preciso deixar claro como os profissionais podem progredir dentro da empresa, quais habilidades técnicas, de negócio e sociais são necessárias para eles irem para o próximo nível.
O mesmo vale para os benefícios que ele terá ao chegar lá. Compensações, bônus por conhecimento e incentivos devem ser estipulados e divulgados aos colaboradores para cada função.
De acordo com David Foote, analista chefe e cofundador da Foote Partners, a maior falha das empresas de TI é não saber como pagar por habilidades diferentes na medida em que vão sendo mais requisitadas.
Os consultores do estudo da BCG dizem que “os especialistas digitais apreciam as oportunidades de aprendizagem e treinamento mais do que qualquer outro aspecto do trabalho”.
Leia Também: O Que Faz um Analista de Sistemas? Guia Completo (2021)
Um mercado que sobra vagas para bons profissionais
Se você chegou até aqui no texto, é porque realmente tem interesse em ingressar e se desenvolver nesse enorme mundo da Tecnologia da Informação.
Depois de todas as informações e dicas dadas até aqui, aí vai uma última: se jogue! Não tem momento melhor do que esse, com muita demanda e ótimas condições de emprego no Brasil e no mundo para trabalhar com TI.