Feedback Contínuo: O que é e como adotar essa prática (passo a passo)
Faz algum tempo que a avaliação nas empresas não é mais baseada unicamente em resultados, ou seja, em olhar apenas para o lucro.
As companhias atualmente dão cada vez mais importância ao comportamento e ao desempenho dos colaboradores.
É aí que entra uma forma de avaliação desses fatores, mais conhecida como feedback.
Mas essa prática de dar retornos sobre o trabalho e o comportamento dos funcionários está mudando de formato.
Não é mais uma ação para “puxar a orelha” de quem não está atendendo às expectativas ao final de cada ciclo.
O feedback contínuo surgiu para dar às pessoas retornos constantes e consistentes aos colaboradores. Como funciona esse tipo de avaliação e como fazer é o que você vai ver a seguir. Confira!
A prática do feedback nas empresas
O feedback começou a ser aplicado nas empresas por volta do ano de 1900. Na época, a avaliação de desempenho dos profissionais era similar à medição do desempenho de máquinas das fábricas.
O formato tradicional foi estruturado, com poucas variações, da seguinte forma:
- o colaborador se autoavalia;
- o líder avalia o colaborador;
- eventualmente, líder e liderado fazem o consenso das notas (opcional);
- o comitê geral da empresa realiza um pré-feedback;
- o líder faz um feedback final com o liderado indicando planos de desenvolvimento.
Será que usando esse processo a avaliação inicial fez, de fato, algum efeito no resultado final do feedback?
Na prática, bem pouco provável.
A ação acaba sendo mais protocolar (algo obrigatório, que nem o colaborador nem o gestor gostam ou acham útil fazer). Ou seja, perde o sentido que é o de avaliar o desempenho e reorientar os rumos do profissional.
Com o passar dos anos, foram sendo agregadas novas técnicas, analisando, inclusive, as atitudes no dia a dia dos profissionais.
Assim, no final do século passado, muitas empresas começaram a focar nas competências comportamentais e gerenciais do colaborador e a utilizar o modelo de avaliação 360 – em que o colaborador é avaliado não somente por seus superiores, mas também por seus pares, subordinados e, às vezes, até clientes ou consumidores.
Desde então, a técnica não parou de ser utilizada pelo Recursos Humanos das empresas e, até hoje, é bastante valorizada como parte da dinâmica empresarial.
De acordo com um estudo global do Top Employers Institute realizado com 600 empresas de 99 países, o feedback é considerado pelos profissionais como a melhor forma de medição de desempenho.
No Brasil, 100% das empresas entrevistadas disseram que treinam seus gerentes para dar aos colaboradores um feedback aberto e construtivo.
“Uma das principais conclusões do nosso estudo é que a gestão de desempenho evoluiu de um evento anual, com objetivos rígidos, para um processo transparente de diálogo contínuo, com metas flexíveis, que está mais incorporado no dia a dia das operações”, afirmou David Plink, CEO do Top Employers Institute.
E concluiu: “As empresas que se tornam Top Employers redefiniram desempenho como a capacidade de colaborar e contribuir para o sucesso de uma equipe”.
O que é um feedback contínuo?
O feedback contínuo é o processo de transmitir às pessoas retornos sobre seu desempenho, alinhado às expectativas da função, de forma constante e consistente.
Ao gerar um ambiente de conversa frequente entre os próprios colaboradores e deles com os gestores, o objetivo é fazer um bom gerenciamento de equipes e ser um grande estimulador para a motivação no trabalho.
A ideia é que, ao ter uma visão mais próxima dos acontecimentos, se consegue solucionar os problemas internos à medida que eles aparecem, fazendo com que a gestão fique mais dinâmica e efetiva e os resultados aparecem do lado externo.
O foco do feedback é ser uma conversa sincera, e não um monólogo, sobre o que foi bom e o que pode ser melhorado.
Os colaboradores são incentivados a compartilhar suas aspirações com seus gestores e cobrar um direcionamento do gestor para atingir seus objetivos, caso este não lhe esteja sendo oferecido.
Como fazer um feedback contínuo
1) Fazer avaliações frequentes
Um dos fatores-chave que diferencia o feedback contínuo das formas mais primitivas de avaliação é a frequência.
Ciclos de um ano ou um semestre se tornaram um espaço muito grande de tempo, principalmente com as evoluções tecnológicas, em que quase tudo acontece “em tempo real”.
Por isso, o processo de avaliação passou a fazer parte da rotina do trabalho, sendo realizado, como o nome diz, de forma contínua. Ou seja, sem a formalidade excessiva e a tensão dos feedbacks agendados.
Essa característica permite que os colaboradores possam melhorar aos poucos, lidando com um problema de cada vez, e facilita a assimilação das melhoras necessária. Assim, o trabalho e a evolução se tornam mais fluidos e produtivos.
2) Criar objetivos claros
Ao realizar feedbacks contínuos, é possível eliminar todos os processos desnecessários para chegar ao resultado – com isso, definir objetivos mais claros e precisos.
Com objetivos mais simples, a dinâmica de produtividade da empresa fica ainda mais rápida, permitindo que os resultados sejam alcançados com mais agilidade, o que também reduz a necessidade de numerosos feedbacks.
Ou seja, a relação entre objetivos sucintos e feedbacks contínuos se retroalimenta de uma forma muito positiva para a empresa e colaboradores.
Afinal, os objetivos devem sempre ser traçados para atingir o propósito da empresa quanto às metas dos colaboradores.
No final, todos saem ganhando.
3) Focar nas metas coletivas
O feedback contínuo tem um foco também nas metas a serem atingidas como time. É tanto um objetivo quanto uma consequência dessa prática.
Como existe uma avaliação constante do andamento do trabalho de cada colaborador e metas objetivas a serem atingidas, há uma menor tendência de competitividade por resultados com os colegas.
Desse modo, os colaboradores passam a se unir mais e criam um ambiente mais agradável e até de parceria no trabalho.
Eles mesmos acabam criando metas coletivas, para o seu time. Para atingi-las, precisam uns dos outros e a coesão se torna retroalimentada.
4) Tornar o feedback mais preciso
É possível atingir um maior nível de precisão ao adotar o feedback contínuo, porque, como são constantes, não se corre o risco de ter esquecimentos ou descontinuidade de metas.
Afinal, a possibilidade de mudanças em um ano é muito maior do que em uma semana. Alinhando de forma frequente, fica mais fácil criticar ou elogiar alguma ação, mudar ou continuar alguma iniciativa, etc.
Isso também faz com que os erros não persistam e que o trabalho tenha uma qualidade muito melhor.
Criando o hábito do feedback no seu negócio
Entendendo no que consiste o feedback contínuo, o maior desafio é tornar essa ação um hábito.
Muitas empresas, quando decidem aplicar esse tipo de avaliação, fazem uso de práticas inadequadas e ultrapassadas, que acabam tendo efeito inverso e desmotivando os colaboradores.
Por isso, é sempre importante estar atento às melhores práticas e, claro, ter paciência e persistência. Afinal, embora os benefícios do feedback contínuo sejam muitos, os impactos podem demorar um pouco a chegar.
É fundamental explicar para toda organização e deixar claro a todos, do CEO ao estagiário, quais são os motivos pelos quais faz-se necessária a implantação desta cultura na empresa e quais serão os benefícios para cada um.
Além de começar por práticas simples e conversas curtas, mesclar feedbacks positivos e negativos pode ser uma boa opção. Afinal, nenhum colaborador vai se engajar se só receber críticas.
Também é interessante propor soluções construtivas quando o assunto é mais negativo, porque ajuda a motivar a busca por desenvolvimento pessoal e profissional.
Por fim, a horizontalidade é essencial no processo de feedback contínuo. Nada de sair dando ordens.
Quando todos se sentirem à vontade para alinhar as ações, independente da hierarquia organizacional, a avaliação vai se tornar algo rotineiro, parte do trabalho, um hábito.
Vamos à prática?
Agora que você já entende a importância do feedback contínuo, sabe quais são as principais características e como torná-lo parte da cultura da empresa, que tal tentar com a sua equipe?
Sugira a ideia, comece a trabalhar as vantagens dela e não tenha medo de começar.