
Monique Evelle: quem é, história e projetos
Quando falamos de inovação empreendedora, tecnologia e transformação social no Brasil, Monique Evelle entra em cena e assume um papel de protagonista.
Empreendedora desde os 16 anos, Monique atua como liderança em diversas frentes de negócios que têm como foco a quebra das barreiras impostas pelo racismo estrutural.
Como mulher preta e nordestina, é inspiração para tantas outras empreendedoras que também lutam diariamente para conseguir o seu espaço no mercado de trabalho.
Um caminho que, muitas vezes, precisa ser percorrido contra a maré.
Mas, Monique vem para mostrar que tudo é possível e não há barreiras que a impeçam de fazer acontecer.
Neste artigo contamos para você quem é Monique Elleve e um pouco da sua trajetória.
Acompanhe e inspire-se também!
Quem é Monique Evelle?
Você sabia que em 2021, 47% das mulheres que empreendiam no Brasil se identificavam como negras, segundo o Sebrae?
Apesar disso, a renda média mensal entre empreendedoras brancas e negras era desigual:
Enquanto o primeiro grupo recebia R$2.035,00, o segundo tinha um ganho de R$1.539,00.
Esses são apenas alguns dos números que demonstram a desigualdade racial no mercado empreendedor brasileiro.
E é diante desse e de tantos outros abismos sociais observados e vividos que surge Monique Evelle.
Frente aos desafios raciais, econômicos e sociais que cercavam a ela e a tantos outros jovens e famílias brasileiras, em 2011 e com apenas 16 anos, criou o Desabafo Social.
O que começou como um grêmio estudantil, em apenas um ano, se tornou uma organização social com foco em educação e comunicação a favor dos Direitos Humanos.
Em três anos, o Desabafo Social se transformou em um laboratório de tecnologias sociais aplicadas à geração de renda, buscando horizontalizar as relações no afroempreendedorismo.
Neste meio tempo, Monique iniciou sua formação superior em Bacharelado Interdisciplinar em Humanidades com ênfase em Política e Gestão da Cultura, pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Em entrevista à Forbes, a empreendedora explicou que apesar de sentir pressão para seguir carreiras mais tradicionais, como direito ou engenharia, nenhuma delas lhe eram atrativas.
Entendia que não deveria caber em “caixinhas”, mas sim, atuar em diferentes frentes para ganhar dinheiro e fazer a diferença no mundo.
Além da sua primeira formação superior, Monique também é pós-graduada em Gestão Estratégica da Inovação Tecnológica, pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e em UX Design & Strategy, pelo Senai Cimatec – BA.
E mais recentemente, em 2023, especializou-se em Strategic Marketing Management, na Ohio University, nos Estados Unidos.
De Salvador para o mundo

Com tantas experiências de liderança desde tão jovem, a empreendedora foi descobrindo que não era tão tímida como imaginava, mas que sempre foi silenciada e que tinha muita coisa a falar.
Assim, após concluir a graduação, Monique saiu de Salvador, sua cidade natal, em busca de aprimorar suas habilidades de comunicação.
E em 2017, passou a integrar a equipe do Profissão Repórter, viajando para diversas regiões do Brasil, produzindo matérias das mais diversas pautas sociais.
A então jornalista explicou na mesma entrevista à Forbes que foi um verdadeiro desafio: “Sentia que não havia espaço para falhas”, comentou.
Mas, Monique encarou como uma oportunidade para ir além da escrita e aprimorar sua habilidade de desenvolver conteúdo multiplataforma.
Seu empenho no programa lhe rendeu reconhecimento:
Em 2018, foi finalista do Troféu Mulher Imprensa com uma reportagem sobre feminicídio na categoria Melhor Reportagem Especial sobre Mulheres.
Além disso, sua experiência no programa lhe proporcionou aprimorar o Desabafo Social.
Estabelecendo uma linha editorial explicativa e de fácil entendimento para o grande público, abordava sobre pautas que vão desde gênero e raça, até saúde mental.
Dentre tantos outros feitos, integrou um talk show na empresa digital do Rapper Emicida, a Lab Fantasma, como também um podcast para o grupo Globo.
Além disso, participa de diversas palestras e eventos, como o TEDx.
Esses espaços lhe proporcionam falar sobre as pautas que defende.
E não para por aí!
Monique também foi personagem da série documental da Netflix “Os Originais”, exclusiva para as redes sociais da plataforma.
A ideia da série é apresentar personalidades que quebram estereótipos e representam a diversidade, de formas autênticas e inspiradoras.
E como se não bastasse, Monique também já integrou o time de investidores da versão brasileiro do programa Shark Tank.
Com apenas 29 anos, a empresária acumula verdadeiros feitos e conquistas.
Tudo isso a torna uma verdadeira referência e inspiração para diversas pessoas que se vêem representadas em uma mulher negra, nordestina e bem sucedida.
Uma potência que vai além
As realizações de Monique são reconhecidas formalmente por órgãos, empresas e veículos de comunicação, nacionais e internacionais.
Em 2017, Monique integrou a Forbes Brazil’s Under 30.
A lista da revista estadunidense de negócios e economia elege todo ano personalidades com menos de 30 anos que estão fazendo a diferença no Brasil.
Com seu jeito cativante e sofisticado de se comunicar e se conectar com as pessoas, em 2019, a jornalista se tornou uma referência nas redes sociais ao falar sobre temas sociais, negócios e futuro do trabalho, tornando-se “Top Voice” no LinkedIn.
Já em 2020, em uma edição especial da revista Wired, maior referência editorial em inovação no mundo, Monique integrou a lista dos 50 brasileiros multiplicadores de boas ideias que impactam o nosso tempo em diferentes áreas, das artes aos negócios.
Pela Bloomberg Línea, foi eleita uma dos 100 Empreendedores do Ano de 2021.
E, nesse mesmo ano, foi assunto na revista Forbes, em uma matéria completa sobre sua trajetória profissional.
Mas em 2022, porém, podemos fazer uma verdadeira lista dos seus feitos e reconhecimentos recebidos:
- Integrou o Conselho de Jovens do Pacto Global da ONU;
- Integrou o “Líderes do Amanhã” do St. Gallen Symposium;
- Foi eleita uma das 500 personalidades mais influentes da América Latina pela Bloomberg Línea;
- Foi jurada e mentora no Self Made Brasil, pela Sony Chanel.
Mas ela não parou por aí! Em 2023 teve muito mais:
- Pela Revista Época, integrou a lista de 100 mulheres inovadoras;
- Foi capa da Revista Raça, na edição de março;
- Foi personalidade do editorial Women to Watch, do Meio & Mensagem;
- Integrou o quadro de investidores brasileiros do maior programa de empreendedorismo do mundo: o Shark Tank

UFA…
Acho que podemos respirar um pouco agora….
…com tantos feitos, Monique mostra que sabe bem aonde quer chegar e não mede esforços para chegar lá.
Inspiração para esta e as próximas gerações!
E por falar em propósito, Monique conhece bem o seu e o leva para todas as empreitadas que encabeça.
Das iniciativas próprias às participações em projetos aos quais é convidada a colaborar, a empreendedora compreende bem seu papel social.
Separamos alguns dos projetos próprios ou que Monique cooperou em sua trajetória profissional, olha só:
Desabafo Social

O primeiro projeto empreendedor de Monique foi o Desabafo Social, em 2011, com 16 anos, na cidade de Salvador.
Originário de um grêmio estudantil do Colégio Estadual Thales de Azevedo, onde ela concluiu o ensino médio, foi ganhando grandes proporções pelas ruas do bairro do colégio, informando à população sobre Direitos Humanos.
Um ano após a sua criação, o Desabafo Social já era uma organização social estruturada, com foco em Educação e Comunicação de Direitos Humanos.
Os integrantes do Desabafo ouviam as histórias dos moradores da periferia, seus sonhos e desafios, trazendo reflexões e ações palpáveis que contribuíssem para a mudança de suas realidades.
O projeto cresceu, rodou o Brasil e ganhou diversos prêmios por suas campanhas de temáticas sociais.
Em 2019, após sua passagem pelo Profissão Repórter, Monique contribuiu para um novo modelo de atuação do Desabafo:
Criar uma linha editorial de temas que impactam o comportamento das relações humanas.
“Desenvolvi uma abordagem leve e acessível para temas como inovação, política e outros debates sociais que tenho interesse em promover, criando uma espécie de ponto de encontro. E atuar como ponte entre [os desfavorecidos] e quem está no poder por meio da minha produção de conteúdo”, pontua Monique, em entrevista à Forbes.
Assim, todo mês um tema seria escolhido para ser decodificado e esclarecido para o público, como gênero, raça, saúde mental e empreendedorismo.
Hoje, o Desafio se posiciona como “um laboratório de tecnologias sociais aplicadas à geração de renda, comunicação e educação”.
Na geração de renda, criaram uma comunidade de engajamento cívico, artístico e cultural para resolução de problemas da sociedade.
São lançados desafios sociais e as ideias mais criativas são remuneradas através de micropagamentos.
Na comunicação, desenvolvem projetos editoriais sob demanda para organizações e estratégias para amplificar narrativas e fortalecer a presença digital por meio de campanhas, relatórios e pesquisas.
Na educação, por meio de treinamentos, consultorias e advocacy, potencializam as habilidades das pessoas para criar novos projetos e negócios sociais.
É uma ponte entre conhecimentos acadêmicos e a realidade social.
Inventivos

A Inventivos nasceu para apoiar e educar, de forma prática, empreendedores que estão para iniciarem seus negócios ou que desejam desenvolver seu empreendimento.
Junto a Lucas Santana, Monique lançou a Edtech em 2021:
Uma plataforma de cursos e mentoria online que oferece conteúdos e palestras com temáticas que vão desde gestão de tempo, até como encontrar e conquistar novos clientes.
Em 2021, após uma tour pelos Estado Unidos em busca de conexões com outras startups que atuam no mesmo ramo, Monique encontrou parceria e incentivos de diversas formas.
Uma delas foi do Black Founder Fund, iniciativa do Google For Startups.
Tudo isso fez com que a Inventivos tivesse uma reavaliação que, com a correção monetária, passou para um valor de mercado de $50 milhões, 5 vezes a mais que o valor calculado inicialmente pelos fundadores.
O acesso ao conteúdo é feito por meio de pagamento de assinaturas mensais ou anuais e conta com mais de 2.500 alunos pagantes com diversos cases de sucesso.
Um dos focos também é a criação de hubs físicos em parceria com outros players locais de inovação para manter um contato ainda mais perto com o seu público.
Além de atuação em outros países de língua portuguesa, como Cabo Verde e Angola, de forma a internacionalizar o negócio.
A Inventivos também busca a prestação de serviços no mercado B2B.
Ou seja, prestar serviços para outras empresas, disponibilizando os seus métodos em forma de programas de ensino e treinamento.
YouTube, Natura e iFood são alguns dos exemplos de clientes de peso que já fecharam negócio com a Inventivos.
Self-Made Brasil

O reality show da Sony Channel foi idealizado como uma competição entre empreendedores que estão iniciando os seus negócios.
O programa foca, em especial, no setor gastronômico, visto como a maior porta de entrada dos brasileiros no empreendedorismo.
Eles identificaram que com a falta de conhecimento e planejamento, os empreendedores têm seu negócio impactado negativamente.
Por isso, o reality é focado em empreendedores que estão começando.
Diferente do Shark Tank, por exemplo, onde as ideias já estão estruturadas e existe um plano de negócio, conforme explicou Roberto d’Ávila, diretor geral do programa.
A cada programa, os participantes apresentam receitas e projetos que são avaliados pela apresentadora Sheron Menezzes e os jurados empreendedores:
Guga Rocha, Fernando Andreazi e, claro, Monique Evelle.
Sobre sua participação, Monique comenta que procurou manter “vivo e bem” o lado humano do empreendedor, logo que entende que se a pessoa não estiver bem, o negócio também não estará.
Ela explica ainda que nas conversas com os participantes, busca entender o momento em que estão:
Se estão preparados, por exemplo, para uma maior visibilidade, para o recebimento de um investimento ou até mesmo para mudar rotas, se necessário.
“Trago ainda o objetivo de decodificar cada vez mais a nossa linguagem para que qualquer pessoa que assista consiga entender”, completou a empresária na entrevista coletiva de lançamento do programa.
Shark Tank

E por falar em Shark Tank, Monique também integra o quadro de investidores da temporada mais recente (2024) da versão brasileira do programa.
Apesar disso, já havia recusado participar do programa em 2021, oportunidade abraçada por Luitha Miraglia em seu lugar.
O convite ainda não era para ser uma shark.
Em entrevista ao canal Meu Nome é Correria, Monique explica que, na época, acreditava que no estágio de vida em que se encontrava.
Não via sentido de participar do programa, que estar na TV seria interessante, mas que já teve essa oportunidade com o Profissão Repórter.
Completou ainda que não queria “distrações” para aquele momento.
Meses após recusar o convite de apresentar o seu negócio e também de ser apresentadora do programa, Monique recebeu por e-mail o convite para integrar o quadro de investidores.
Após algumas reuniões com a produção do reality, conta que recebeu a confirmação do aceite de suas condições.
Foi um momento de euforia, mas ao mesmo tempo, já começou a pensar sobre como se preparar para essa participação.
Após a gravação do primeiro episódio, Monique revelou que foi muito melhor do que havia idealizado e que a experiência foi super divertida.
A 8ª temporada do Shark Tank foi ao ar em 2023.
E além de Monique, o programa também contou com a estreia de Sérgio Zimerman, Ceo e fundador da rede Petz que revezou seu lugar na cadeira com Joel Jota, ex-nadador da Seleção Brasileira, empresário e escritor.
Os três se juntaram aos Sharks fixos das edições anteriores: Carol Paiffer, João Appolinário e José Carlos Semenzato.
Podcast – Diário de Uma Investidora Negra
Outro projeto idealizado por Monique é o podcast Diário de Uma Investidora Negra.
Semanalmente, compartilha em seu canal no YouTube e também no Spotify reflexões sobre mercado de trabalho, bastidores profissionais e de negócios, seus desafios e conquistas como empreendedora.
Além disso, fala também sobre o mundo de investimentos, setor dominado majoritariamente por homens brancos e no qual Monique é muito bem sucedida.
Segundo a empreendedora, seu objetivo é falar sobre a complexidade e potência que é ser uma investidora negra.
Lançando episódios desde de 2023, simbolicamente, o podcast teve sua estreia em 20 de novembro do mesmo ano, Dia Nacional da Consciência Negra no Brasil.
Livro Empreendedorismo Feminino: Olhar Estratégico Sem Romantismo

Em 2019, Monique lançou seu primeiro livro: Empreendedorismo Feminino: Olhar Estratégico Sem Romantismo.
Sem rodeios, a autora conta qual é o cenário e o caminho para quem quer empreender no Brasil.
Na obra compartilha seus aprendizados e experiências, levando à reflexão sobre o que é gerir um negócio e como ele pode ser positivo para toda a comunidade que o entorna.
Monique aborda diversos temas:
- Apresenta as etapas de um empreendimento;
- Faz análises de contexto;
- Estratégia e precificação;
- Aborda sobre relacionamento e comunicação;
- Traz dicas de ferramentas e de como se olhar atentamente sobre o que se passa no mundo.
Criações com o Nubank

Outra parceria firmada por Monique foi com o Nubank.
A empresa convidou a empreendedora a assumir o cargo de Coordenadora de Criação do Nulab, o centro de tecnologia e experiência do cliente criado pelo banco em Salvador.
Em entrevista à Forbes, Monique explicou que a ideia inicial era ser uma conversa sobre lugar de escuta com representantes dos departamentos de recursos humanos e marketing.
O convite para encontro veio após a empreendedora comentar em um programa de TV sobre a dificuldade do banco de contratar profissionais negros.
Com o avançar das reuniões, que duraram cerca de um mês e meio, Monique foi se inteirando sobre o funcionamento interno do Nubank, as conquistas dos últimos anos e os objetivos futuros da instituição.
Com isso, veio a oferta de contratação que, segundo Monique, estava alinhada também aos seus propósitos como empreendedora social:
“Fez sentido fazer parte da construção de um desafio tão potente e gigantesco que é pensar e criar iniciativas de inovação, como o hub de tecnologia em Salvador e o fundo de investimento para startups lideradas por pessoas negras”
Sua atuação é também como consultora para as ações internas e externas de diversidade e inclusão do Nubank.
Além de ser mentora das startups escolhidas pelo fundo semente, criado para apoiar negócios fundados ou liderados por pessoas negras.
“Apesar de já desenvolver projetos e ações na capital baiana há uma década, sentia falta de fazer algo muito maior. E esse convite veio para que eu não tivesse dúvidas de que meu lugar é em Salvador. Não só por uma questão pessoal, mas também para atrair cada vez mais investimentos para a cidade.”, conclui Monique.
E não para por aí, Monique comando o Vida Nu Corre, uma coluna para empreendedores no canal do Nubank no Youtube.
Monique Evelle: potência e referência!
Sabemos o quão desafiador é empreender no Brasil, ainda mais quando é necessário superar questões raciais e sociais para isso.
Logo, como uma mulher negra e nordestina, Monique espelha sucesso e inspira tantas outras empreendedoras a alcançarem seus objetivos sem deixar de lutar pelo o que se acredita.
E aí? Gostou de conhecer mais sobre Monique Evelle?
Então conta para a gente nos comentários quais outras personalidades empreendedoras gostaria de ver aqui no nosso blog.